domingo, 7 de junho de 2020

ESCADA SUBÚRBIO FERROVIÁRIO - SALVADOR-BA


ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS DE ESCADA







 ESCADA


A comunidade de Escada, está localizada a Oeste da cidade do Salvador, as margens da Baía de Todos os Santos,  assim como o bairro do Alto da Terezinha fazem parte da Prefeitura Bairro II, Subúrbio/Ilhas, segundo delimitação da lei n.º 9 278, de 20 de setembro de 2017, Prefeitura Municipal.  Originaram-se a partir do loteamento da Fazenda Grande de Itapuã, pertencente ao Coronel Durval Hermelino Ribeiro (30/08/1840 a 02/10/1911), falecido aos 71 anos.

1.0 – TOPÔNIMO

O nome Escada, se deve a que, no século XVIII, a Capela da Fazenda ganhou uma imagem de Nossa Senhora de Escada proveniente de Portugal, até hoje cultuada por pescadores católicos de uma localidade as margens do Rio Tejo.


2.0 – IGREJA DE NOSSA SENHORA DE ESCADA

 

A Igreja de Nossa Senhora de Escada fica no alto de uma colina em frente ao mar da baía de Todos os Santos. Há muito tempo que existe essa capela, provavelmente desde o final do século XVI. Sabe-se que foi construída junto a antiga aldeia indígena de Itacaranha, nas terras que pertenciam a Lázaro de Arévelo que, reconstruiu a capela com pedras de calcário.


O padre José de Anchieta esteve na Igreja no ano de 1566, para recuperar a saúde. Esse fato pode ser comprovado através de um documento que o padre Baltazar Fernando deixou no arquivo secreto do Vaticano (Itália) no ano de 1619.

 

Os estrangeiros que chegavam aqui logo percebiam que a brisa proveniente da Baía de Todos os Santos trazia o calor e umidade do mar. Isso fazia bem a saúde e o bem estar.


A Capela de Nossa Senhora de Escada foi doada para os franciscanos, no ano de 1572.
Em 1576, serviu como esconderijo do senhor de engenho Sebastião da Ponte, protegido pelo Bispo Antônio Barreiros. Sebastião da Ponte estava sendo procurado para ser preso por ordem do Rei de Portugal. Ele havia ”ferrado”, ou marcado com ferro em brasa, um homem branco (como se fazia na mesma época, com os africanos e índios brasileiros escravizados). Houve um grande conflito, entre o Bispo Antônio Barreiros e o governador Luís de Brito Almeida, por esse acontecimento.

No século XVIII, a Igreja de Escada ganhou a imagem de Nossa Senhora, que ainda podemos ver detrás do altar. O altar que hoje existe foi instalado no século XIX. Desde a implantação da estrada de ferro, a paisagem foi prejudicada pelo corte dado à colina onde esta situada. No século XX, em 1957, o governo fez uma análise da Igreja para transformá-la em patrimônio nacional, um monumento para ser preservado e contemplado por todo o país. Em 1962, a Igreja estava quase em ruínas, nesta ocasião ela foi tombada, passou a ser patrimônio histórico do Brasil. A reforma só foi concluída em 1966.





3.0 - INVASÃO HOLANDESA NA BAHIA.

A história do Brasil também faz referência à Igreja de Escada como próxima ao local de desembarque de Maurício de Nassau e sua tropa, no dia 9 de abril de 1638. Eram os holandeses que tentavam  em vão ocupar Salvador, com 3.400 europeus e 1.000 índios. Nos dias seguintes, Nassau apossou-se de alguns fortes, construiu trincheiras e baluartes (fortalezas de apoio). A guerra durou seis semanas, mas os defensores contaram com a ajuda da população, que mandava sem cessar, embarcações carregadas de farinha de mandioca de Camacam para alimentar a tropa. Veio também muito gado de Itapicuru e do Real. Os holandeses tiveram que tocar em retirada de volta para Recife onde estavam instalados.




4.0 - CORONEL DURVAL HERMELINO RIBEIRO

Durval Hermelino Ribeiro, nascido em 30/08/1840, falecido em 02/10/1911, aos 71 anos, antigo proprietário da Fazenda que deu origem a comunidade de Escada, integrava a Guarda Nacional Estado Maior da Bahia, recebeu a patente de Coronel Comandante no século XIX, foi um influente Srº de terras, sua Fazenda  estendia-se de Escada, Oeste da cidade do Salvador até o bairro de Itapuã, Leste da cidade.



4.1 -VEREADOR DA CIDADE DO SALVADOR

O Coronel Durval Hermelino Ribeiro foi vereador da cidade de Salvador com 44 (quarenta e quatro) anos de idade, segundo o ALMANACH DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS PARA a legislatura de 1884, QUARTO ANNO, BAHIA: Câmara Municipal VEREADOR:


4.2 – RELAÇÃO DE VEREADORES DA CÂMARA MUNICIPAL DO SALVADOR DO ANO DE 1884, ONDE CONSTA O NOME DO ENTÃO TENENTE DURVAL HERMELINO RIBEIRO.


ALMANACH DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS P A R A 1884

QUARTO ANNO
BAHIA

Câmara Municipal

Presidente—Dr. Augusto Ferreira Fiança.
Vice presidente—Coronel Manuel Jeronymo Ferreira.
Secretario—Bellarmino Soares de Andrade.
Official-maior—Capitão Manuel Rodrigues Valençà.

Vereadores—Tenente-coronel Pedro Alves de Lima Gordilho.
Francisco Pereira da Rocha.
Felippe Rodrigues Monteiro.
Tenente-coronel Leobino Cardoso Lisboa.
Tenente coronel Joaquim Caetano de Almeida Couto Júnior.
Francisco de Freitas Paranhos.
Capitão Leopoldino José Teixeira Barbosa*
Commendador João Rodrigues Germano.
Luiz de Oliveira Vaaconcellos.
Tenente Durval Hermelino Ribeiro.
Dr. Manuel Teixeira Soares.
Dr. Militão Barbosa Lisboa.
Capitão João da Silva Bahia.
Antônio José Machado Júnior.
Capitão João Gonçalves Tourinho.


5.0 – DURVAL HERMELINO RIBEIRO SOBRINHO

Sobrinho do Coronel Durval Hermelino Ribeiro, nascido em 11 de janeiro de 1877, foi casado, de acordo com informações em seu jazigo na Igreja de Nossa Senhora de Escada.

Integrou a Guarda Nacional. Por decreto de 23 de abril de 1906, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi nomeado  para a patente de Tenente-coronel-comandante do Estado-maior da Guarda Nacional, Estado da Bahia, Comarca de Camisão, conforme Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906.

Não obstante, Durval Sobrinho, 7 meses e três dias após ser nomeado Tenente-coronel da Guarda Nacional, veio a falecer, com 29 anos de idade, em 26 de novembro de 1906.

DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, ainda ocupou o cargo de subcomissário de segurança pública, distrito de Pirajá, segundo reportagem do jornal A BAÍA, 28-12-1904, sobre violência, matéria abaixo:

Tema Violência.
Órgão de imprensa: A BAÍA.
Data da semana: 28-12-1904.
Dia da semana: Quarta-feira.
Manchete: Em Pirajá.

Texto:

“Maria de S. Pedro da Selva, de 21 anos, crioula, solteira, residente em Plataforma, pediu na véspera de Natal, licença ao seu companheiro para ir passear em Periperi, prometeu voltar na segunda-feira, aconteceu, porém, que não tendo voltado, o seu companheiro e mais quatro amigos deste, armados de facas, navalhas etc., foram à Periperi e invadiram, às 10 ½ horas da noite de ontem, a casa de Almerindo Eugênio da Cunha, com o fim de retirar, a força, a rapariga, que ali tinha ficado, não levando a efeito tal intento devido a patrulha ir passando na ocasião, e ter acudido, prendendo-os em flagrante, e remetendo-os, hoje, para a casa de Correção, à ordem do sub-comissário respectivo, Sr. capitão DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, conforme o livro: O Negro na Imprensa Baiana do Século XX.”


6.0 - MANOEL PINHEIRO DOS REIS

Genro do Coronel, casou com Delmira Ribeiro dos Reis, filha mais velha de Durval Hermelino Ribeiro, nomeado para a patente de CAPITÃO do 1º ESQUADRÃO DO ESTADO MAIOR DA GUARDA NACIONAL, Estado da Bahia, Comarca de Camisão, conforme Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906.

7.0 – PUBLICAÇÃO DO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO COM AS NOMEAÇÕES DE DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO PARA A PATENTE DE TENENTE-CORONEL-COMANDANTE DA GUARDA NACIONAL E DE MANOEL PINHEIRO DOS REIS, PARA CAPITÃO - 1º ESQUADRÃO DA GUARDA NACIONAL.

Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906

[...] Maio -IDES DIARIO OFFiE/ALCO Quinta-raira 17

Ministério da Justiça e Negócios
Interiores
Por decreto de 23 de abril ultimo, foram nomeados para a guarda nacional :
ESTADO DA BAHIA
Comarca de Brotas
35° batalhão da reserva
3° companhia -Capitão, Esta,nisláo Marques Gomes.
Comarca de _11"ázareth
72° batalhão da reserva
Éstado-maior -Tenente-coronel commandante, o tenente-coronel Henrique Felix dos Santos.
Comarca de Curralinho
·26° regimento de cavallaria
1° esquadrão -Capitão, Elpidio da Costa Noiva.
3° regimento de artilharia de campanha
Estado-maior -Tenente-coronel com mandante, o capitão Nicoláo de Coni.

Comarca de Camisao
0
75 regimento de cavallaria
Estado-maior -Major-fiscal, Augusto Bahiana, ;
Capitão-ajudante, Condido Fernandes do Oliveira ;
Tenente-quartel-mostre, João da Silva Fraga.

1° esquadrão -Capitão, Manoel Pinheiro dos Reis ;
Alferes, Amaro Joaquim Alves.
..1.
20 esquadrão -Alferes, João do Deus Ferreira.
3° esquadrão -Alferes, Chrispim das Chagas Lisboa.
760 regimento do cavalaria

Estado-maior -Tenente-coronel commandante, o capitão Durval Hermelino Ribeiro Sobrinho
Major-fiscal, João José de San-VA:ano ;
Capitão-ajudante, Reynaldo Salustiano da Silva.
Tenente-secretario, José Caetano da Costa Lima ;
Capitão-cirurgião, Dr. Joaquim José Ribeiro de Oliveira ;
Alferes-veterinario, Genainiano Eleuterio Pinto.
1° esquadrão-Tenentes, José Mauricio Ribeiro Lima e Isaias Emilio do Bomfim ;
Alferes, Odilon Sydronio Pinto.
2° esquadrão-Capitão, Hyppolito Sydronio Pinto ;
Tenentes, Eduardo Clarimundo dos Santos e Julio Augusto de Souza;
Alferet, Affonso Prudencio Marques.
3° esquadrão -Capitão, Carlos Francisco Actes ;
Tenentes, João Actos Carlos e Basilio Caetano de Oli-ir eira;
.
Alferes, Sizinio Ferreira dos Santos.
4° esquadrão-Tenentes, Pedro Corrêa de Almeida o Angelo Machado Caldas.
Alferes, Julio Jesuino da Gloria e Antonio Telles de Oliveira.



8.0 - FILHOS DO CORONEL DURVAL HERMELINO RIBEIRO:

a) Delmira Ribeiro dos Reis
b) Rosalina Ribeiro Genipapeiro – (Mãe: Maria da Paz Ribeiro)
c) Durval Hermelino Ribeiro Filho – (Mãe: Jardelina do Espírito Santo Reis)
d) Oscar Ribeiro (Foi Oficial do Exército Brasileiro, morou no Rio de Janeiro)
e) Gastão Ribeiro
f) Menininha (morou no Rio de Janeiro).



Organizador: Prof. Carlos Alberto Novaes Ribeiro.

( Pesquisa em andamento


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REFERÊNCIAS:




4 – Documento referente ao tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN, Livro Hietórico, Inscrição: 340, Processo sob o nº. 0560-T, de 11/4/1962.

6 – O Caminho das Águas em Salvador:
Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes/Elisabete Santos, José Antônio Gomes de Pinho, Luiz Roberto Santos Moraes, Tânia Fischer, organizadores – Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010.
486p. il; - (Coleção Gestão Social).

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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

RIOS DA CIDADE SÃO POUCO CONHECIDOS PELA POPULAÇÃO.
Adriano Jacob

Rio das Tripas, Camurugipe, Lucaia e Rio do Cobre. Estes são alguns dos principais rios que cortam a cidade do Salvador, mas muita gente ainda se confunde na hora de identificar por onde eles passam. O Rio das Tripas, por exemplo, um dos mais comentados, nasce e deságua onde? E aquele rio que chega à praia do Largo da Mariquita (Rio Vermelho), qual o nome dele? Quem acha que aquele é o Rio das Tripas está enganado.
Na opinião do professor e historiador Cid Teixeira, a confusão com os rios da cidade ocorre porque muita gente acha que sabe história sem ter estudado o suficiente. “Todo mundo acha que pode dar palpite quando o assunto é história. Todos têm algo a dizer, uma informação curiosa a acrescentar, mas isso acaba atrapalhando”, diz Teixeira.
Os Rios de Salvador, que já foram límpidos num passado muito distante, hoje estão poluídos por causa da urbanização da cidade e da falta de esgotamento sanitário, que só foi implantado de forma eficaz a partir de 1978, de acordo com o engenheiro Paulo Segundo Costa. “Como o esgoto era jogado nos rios, o resultado é a poluição e o conseqüente mau cheiro que sentimos hoje em alguns pontos”, explica o engenheiro, que já trabalhou como secretário de Obras e Urbanismo em algumas administrações da cidade.
Um exemplo pode ser constado no Jardim de Alá, no rio que corta o Parque Costa Azul e deságua na praia, ao lado do Jardim dos Namorados. Aquele é o Rio Camurugipe, que nasce em Campinas, no bairro de São Caetano, nas proximidades da BR-324. Passa por Bom Juá, Mata Escura, Calabetão, Retiro, Barros Reis, Rótula do Abacaxi – onde recebe as águas do Rio das Tripas – Pernambués e segue para a Praia do Costa Azul. Quem conhece o local há muito tempo sabe que apesar de hoje ainda haver problemas, principalmente no período de chuvas, a situação do rio já foi bem pior e está melhorando. Um dos motivos é o Bahia Azul, programa desenvolvido desde 1996 pela Embasa e pelo governo do Estado da Bahia. Um dos objetivos do programa, que deve ser concluído no ano que vem, é otimizar o sistema de esgotamento sanitário da cidade para que os esgotos não sejam jogados nos rios e, conseqüentemente, no mar.
De acordo com a assessoria de imprensa da Embasa, uma parte do esgoto que era jogada nos rios foi desviada a partir do interceptor do Camurugipe, que fica perto da Estação Rodoviária – para a Estação de Tratamento do Lucaia, onde o esgoto é separado e tratado com bombas de alta tecnologia. Depois disso, é jogado no mar pelo emissário submarino a uma distância de 2.400 metros da costa, considerada segura para o meio ambiente pela empresa. Além disso, segundo a Embasa, este esgoto tratado não oferece mais risco de poluição à água do mar. A outra parte do Camurugipe, que não vai para a Estação do Lucaia, é a que segue para o Costa Azul. Este desvio do Camurugipe só é feito no tempo seco, fora do período de chuvas, porque quando chove o volume de água aumenta muito.

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NA BARROQUINHA

Outro Rio importante é o Rio das Tripas, afluente do Camurugipe. Pouca gente sabe, mas o rio, considerado um dos mais importantes para a história da cidade, nasce na Barroquinha.
“O Rio das Tripas recebeu esse nome porque bem perto dele funcionava o matadouro da cidade”, explica Paulo Segundo da Costa. Ele nasce na Barroquinha, passa pela Baixa dos Sapateiros, Taboão, Aquidabã, Sete Portas, Dois Leões, e deságua na Rótula do Abacaxi, no Rio Camurugipe. A maior parte do famoso rio é subterrânea. Na altura do Corpo de Bombeiros, na Barroquinha, ele passa a seis metros da superfície, segundo o engenheiro.
“Ele só fica descoberto a partir da Sete Portas”, esclarece.
Um outro afluente do Camurugipe é o Rio do Cobre, que já foi uma das fontes de abastecimento da cidade que hoje também está poluído. A barragem do rio, que nasce na Vila Canária, fica na Jaqueira do Carneiro. Nas proximidades da Rótula do Abacaxi, suas águas se encontram e seguem com o Camurugipe. Já o rio que deságua no Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, é o Rio Lucaia. Ele nasce no Dique do Tororó. De lá, uma parte é canalizada até o Ogunjá, passa pelas avenidas Vasco da Gama e Juraci Magalhães, e deságua no Rio Vermelho.
Uma questão importante quando o assunto é a preservação dos rios é o comportamento da população. De acordo com a Embasa, um dos principais problemas para a limpeza dos rios é que as pessoas não sabem diferenciar o lixo do esgoto. Muita gente acaba jogando bacias, latas velhas e pneus no esgoto, mas isso só vai entupir a rede e trazer problemas para a comunidade. Estes produtos deveriam ser jogados no lixo. Por causa disso, a empresa faz um trabalho de educação sanitário-ambiental em paralelo às obras nos bairros. O objetivo é ensinar aos moradores regras de como lidar com o meio ambiente sem agredi-lo.

MATADOURO DA BAHIA

Pouca gente sabe, mas o primeiro matadouro da Bahia funcionava no terminal de ônibus da Barroquinha. As vísceras dos bois eram jogadas numa vala que nasce no local, chamada na época de Vala de Cidade. Com o tempo, as pessoas começaram a chamar a Vala de Rio das Tripas, explica o historiador Cid Teixeira.
O abatedouro saiu dali e foi para o Barbalho, mas o nome ficou gravado.
A Vala da Cidade nascia na Rua da Barroquinha, atravessava a Praça das Veteranos e passava pela área que hoje é a Baixa dos Sapateiros até chegar aos Dois Leões, onde se encontrava com o Rio Camurugipe. O historiador explica que boa parte do que hoje se conhece por Baixa dos Sapateiros era , na verdade, a Vala da Cidade.
“No início, a Baixa dos Sapateiros era apenas aquele trecho abaixo do Pelourinho, entre o Passo e o Taboão. Entre as décadas de 60 e 70 do século XIX, alguns vereadores contrataram José de Barros Reis para cobrir a vala e transformá-la numa rua”, conta Teixeira. Barros Reis fez uma obra de engenharia e transformou a Vala da Cidade na Rua da Vala, que por extensão também passou a ser chamada de Baixa dos Sapateiros. “Esta foi a primeira Rua de Vale que a Bahia teve”, diz o historiador, confirmando a importância do Rio.
Outro fato curioso é o rio que hoje atravessa a Avenida Centenário. Cid Teixeira explica que este rio nunca teve nome. Ele nasce na Rua Miguel Bournier, na Barra.
“Por isso algumas pessoas o chamam de rio ou riacho Bounier.” O riacho sem nome passa pelo Vale do Canela e se divide. Uma parte vai para o Tororó e a outra vai par a Avenida Centenário, desaguando na praia do Farol da Barra.

JORNAL CORREIO DA BAHIA, 27 de fevereiro de 2002.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Subúrbio de Salvador

SUBÚRBIO DE TODOS OS BAIRROS

ESTAÇÃO DO LOBATO: à estação de foi denominada com o nome do famoso escritor Monteiro Lobato, e foi o local do primeiro poço de ouro negro (petróleo).
Monteiro Lobato; fundou a primeira editora, a Companhia Editora Nacional e a Companhia Petróleo do Brasil, acreditava que deveríamos Ter independência petrolífera.
Foi no bairro de Lobato, onde o engenheiro Manuel Ignácio Bastos localizou o primeiro poço de petróleo do Brasil, em 1933. Em 1937, uma sonda do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), confirmou a existência de petróleo em Lobato. O poço de prefixo L-3 (Lobato) foi o primeiro poço produtor de petróleo no Brasil, concluído em dezembro de 1939.

PLATAFORMA: quando a ferrovia se instalou, em 1860, foi construída uma plataforma para facilitar o embarque e desembarque de passageiros, o que provavelmente deu nome ao lugar.
Manuel Francisco de Almeida Brandão foi proprietário de uma fábrica de chapéus panamenhos, 1891, na década de 30, passou a pertencer à família de Martins Catarino. Ainda hoje uma parte da população de Plataforma paga prestações pelos terrenos a essa família, também dona de fazendas em outros bairros do subúrbio
A PONTE DE SÃO JOÃO: a ponte por onde passa o trem no bairro de São João começou a ser construída em 1944 mas só foi inaugurada em 1952. Durante o percurso da Calçada até Paripe as crianças esperam ansiosas a hora de passar na ponte, que mede 461m de comprimento.

ITACARANHA : nome de origem indígena (Tupi) que significa: Ita. – pedra ; Ranha – peixe, pedra que tem peixe.
No passado Itacaranha já foi um aldeamento da tribo Tupinambá. Esses índios foram expulsos (ou exterminados) de suas terras pelos colonizadores ( ou exterminadores) portugueses.

ESCADA: a Igreja de Nª Senhora de Escada fica no alto de uma colina em frente ao mar da baía de Todos os Santos. Há muito tempo que existe essa capela, provavelmente desde o final do século XVI. Sabe-se que foi construída nas terras que pertenciam a Lázaro de Arévelo.
O padre José de Anchieta esteve na Igreja no ano de 1566, para recuperar a saúde. Esse fato pode ser comprovado através de um documento que o padre Baltazar Fernando deixou no arquivo secreto do Vaticano (Itália) no ano de 1619.
Os estrangeiros que chegavam aqui logo percebiam que a brisa do Atlântico trazia o calor e a brisa do mar. Isso fazia bem a saúde e o bem estar.
A Capela de Nossa Senhora de Escada foi doada para os franciscanos, no ano de 1572.
Em 1576, serviu como esconderijo do senhor de engenho Sebastião da Ponte, protegido pelo Bispo Antônio Barreiros. Sebastião da Ponte estava sendo procurado para ser preso por ordem do rei. Ele havia ”ferrado”, ou marcado com ferro em brasa, um homem branco (como se fazia na mesma época, com os africanos e índios brasileiros escravizados). Houve um grande conflito, entre o Bispo Antônio Barreiros e o governador Luís de Brito Almeida, por esse acontecimento.
A história do Brasil também faz referência à Igreja de Escada como próxima ao local de desembarque de Maurício de Nassau e sua tropa, no dia 9 de abril de 1638. Eram os holandeses que tentavam em vão ocupar Salvador, com 3400 europeus e 1000 índios. Nos dias seguintes, Nassau apossou-se de alguns fortes, construiu trincheiras e baluartes (fortalezas de apoio). A guerra durou seis semanas, mas os defensores contaram com a ajuda da população, que mandava sem cessar, embarcações carregadas de farinha de mandioca de Camam para alimentar a tropa. Veio também muito gado de Itapicuru e do Real. Os holandeses tiveram que tocar em retirada de volta para Recife onde estavam instalados.
No século XVIII, a Igreja de Escada ganhou a imagem de Nossa Senhora, que ainda podemos ver detrás do altar. O altar que hoje existe foi instalado no século XIX. Desde a implantação da estrada de ferro, a paisagem foi prejudicada pelo corte dado à colina onde esta situada. No século XX, em 1957, o governo fez uma análise da Igreja para transforma-la em patrimônio nacional, um monumento para ser preservado e contemplado por todo o país. Em 1962, a Igreja estava quase em ruínas, nesta ocasião ela foi tombada, passou a ser patrimônio histórico do Brasil. A reforma só foi concluída em 1966.

PRAIA GRANDE: era o nome dado a todo o espaço que ia desde a Igreja de Escada até o porto de Paripe, chegada dos barcos que trafegavam toda baía. Ao longo de sua extensão ficavam as fazendas e o engenho do castelhano Francisco de Aguilar (começo de 1500).

COUTOS: o povoamento da região do subúrbio cresceu com a chegada da rede ferroviária. A concentração de habitantes se iniciava em cada estação acompanhando o traçado da linha férrea, e até a década de 1930, Plataforma, Periperi e Paripe possuíam as maiores populações do subúrbio.
O comércio e o aparecimento de outros serviços se deu a partir de 1955. A economia brasileira, na época, estava em transição para uma economia industrial. Houve um grande movimento com a chegada de pessoas que viam do interior para trabalhar na cidade. Em 1967, ocorreu a desativação do porto de São Roque, o que gerou a decadência do sistema de transporte de mercadorias através do mar.
Foi criada a Av. Suburbana, dois anos depois, para servir aos novos fluxos da economia. Houve um crescimento do número de pessoas nas localidades de Plataforma, Periperi, Coutos e Paripe.
A chegada do0 centro industrial de Aratu, em 1967 e depois com um novo impulso em 1972 e a criação das rodovias Br 116 e Br 101, na mesma época, aumentou ainda mais a população da região.
Em 1984 foi implantado o loteamento Fazenda Coutos para serem relocados os moradores
Das "Malvinas". Também contribuiu com a expansão do lugar o surgimento de duas grandes invasões: a de "Bate Coração" e Nova Constituinte.

PARIPE: Paripe é uma palavra Tupi que significa cercado para pegar peixe.
A região de Paripe se destacava pela fertilidade de suas terras que eram as melhores para se plantar. Logo no século XVI os Tupinambás foram afastados da baía. Fugiram, ficaram doentes aos milhares, muitos morreram. As terras em Paripe depois foram reviradas para o plantio de cana de açúcar, com o triste trabalho escravo. Transformadas depois em fazendas de gado e belíssimos pomares dos herdeiros dos antigos senhores, eram lugares de veraneio e começaram, em seguida, a abrigar também os trabalhadores que deixavam o interior e vinham para a cidade em busca de vida melhor. Depois da construção de estradas e das indústrias, mais trabalhadores foram morar no subúrbio até além de Paripe.

NOSSA SENHORA DO Ó: existe em Paripe uma igreja muita antiga, desde o tempo que chegaram os portugueses no Brasil. É a igreja de Nossa Senhora do Ó, situada num alto e abaixo algumas ruas formavam uma pequena vila a freguesia ou povoação de Paripe, a mais antiga da Bahia.
Temos notícias de que a igreja já existia em 1587, por ser citada no livro de Gabriel Soares de Souza, um senhor de engenho de açúcar. Ele escrevia sobre o Brasil para ganhar títulos e outros favores do rei da Espanha Felipe II, que então governava Portugal.

SÃO TOMÉ: os Tupinambás que moravam por ali contaram histórias de um antepassado (um tetravô de muito tempo atrás) chamado Maire-monam, conhecido também como SUMÉ. Esse herói visitava o lugar e deixava as pegadas marcadas numa pedra. Os antigos cronistas se referem a essa laje, situada ao pé do alto monte, onde está a igreja de São Tomé (e ficou São Tomé).
São Tomé foi um herói cristão, há quem acredite que esteve no Brasil. Ele foi um apóstolo seguidor de Jesus Cristo, que pediu várias provas para que acreditasse nos milagres que fazia; "Ver para crer". Para os jesuítas as marcas nas pedras foram deixadas por São Tomé em muitos lugares.

IGREJA DE SÃO TOMÉ: a igreja de São Tomé de Paripe, como a maioria das construções que os portugueses fizeram em Salvador, está situada no cume de um morro à beira do mar. Tem vista formosa da Baía de Todos os Santos.
O modelo de sua construção se assemelha ao tipo de tradição jesuítica de Portugal e do Brasil. É provável que tenha sido implantada pelos padres no século XVIII.
A fachada atual da Igreja não é original, existem restos de alvenarias antigas (paredes feitas com pedras), ao lado da "Epistole", que ficava ao lado direito do altar, e serve para ler as histórias dos apóstolos ou seguidores de Cristo.


ALDEAMENTO NA MATA ATLÂNTICA: sabe-se que no Subúrbio Ferroviário, na época da colonização, foram construídos aldeamentos nas proximidades da cidade para povoar a terra e aproveitar os índios para o trabalho de extração de madeiras ou nos engenhos. Para dominar os índios também na sua fé, os portugueses queriam catequizar, logo "o principal" como chamavam o cacique. Os mais velhos eram considerados importantes nas comunidades Tupi. Os índios eram ameaçados e levados em caravanas por soldados e bandeirantes para esses aldeamentos.
Em Paripe tinha um aldeamento que ficava junto a Igreja de São Tomé. Em Tubarão, tinha outro com o nome de São Sebastião, conhecido como Tubarão ou Ipiru (o nome desse peixe), que era também, como se chamava um bravo e admirado cacique Tupinambá. Em 1557, os índios do aldeamento fugiram, só ficando dois ou três "dispostos a fazerem o mesmo", conta um jesuíta da Companhia de Jesus.
No ano seguinte, em 1558, o aldeamento de São Sebastião, foi mudado par Pirajá e passou a se chamar São Tiago. Tinha muitos índios, contavam os padres que eram 400 almas.
Esse aldeamento se juntou com outro chamado São João, durante um tempo, para Ter mais terras. Depois, separou e voltou Ter o nome de São Sebastião. No ano de 1600, esse aldeamento tinha um colégio e um engenho de açúcar.
Nesse mesmo tempo, 1560, o Aldeamento de São João foi desfeito com a fuga de todos os índios. Depois foi reconstruído, em 1561, mais abaixo de Pirajá, onde é a atual Plataforma, e em 1564, já tinha uma igreja de pedra e mais de mil almas. Existiam nas redondezas mais de 13 ou 14 aldeamentos dirigidos pelo de São João.


REGO, José Carlos (org). Almanaque do Roda Pião, centro de educação ambiental São Bartolomeu. Salvador: Editora do Parque, 2001.

Rios de Salvador

PRINCIPAIS RIOS DE SALVADOR

1 - RIO CAMURUGIPE: Nasce na Boa Vista de São Caetano e chega a ter 20 metros de largura no trecho próximo ao Iguatemi. Recebe os afluentes da San Martins, IAPI (Loteamento Antônio Balbino), Barros Reis (Rio das Tripas) e forma um dos braços do Rio Lucaia. Deságua na Praia do Costa Azul.

2 - RIO DAS PEDRAS: Nasce nos fundos do 19º BC, entre o Pernambués e o Saboeiro. Corta a Paralela na altura do Imbuí, desemboca na praia da Boca do Rio, ao lado da sede de praia do Esporte Clube Bahia.

3 - RIO DO COBRE: Nasce em Coutos (Lagoa da Paixão), acompanhando a BA 528 (Estrada Paripe/Base Naval), formando a primeira represa em Pirajá e, depois, em Ilha Amarela, já dentro do Parque de São Bartolomeu. Deságua na Enseada do Cabrito, um dos estuários da Península Itapagipana, na Cidade Baixa.

4 - RIO TROBOGY: É chamado de Rio Cascão a partir da sua nascente, em Águas Claras, atravessando a Via Regional e indo desaguar na Represa de Ipitanga. A partir daí recebe o nome de Rio Trobogy até a Paralela, quando é denominado Rio Jaguaribe. Deságua na Praia de Piatã.

5 - RIO PARAGUARI: Nasce em Fazenda Coutos (Barreiro), a partir de várias lagoas na Estrada Velha de Periperi. Deságua na Praia de Periperi, no Subúrbio Ferroviário.

6 - RIO LUCAIA: É um braço do Rio Camurugipe, a partir do Iguatemi. Recebe águas de córregos de Brotas e vai desaguar no Largo da Mariquita no Rio Vermelho.

7 - RIO DAS TRIPAS: Nasce na Barroquinha (subterrâneo, em galerias) e recebe águas de afluentes em Sete Portas e Dois Leões, até encontrar o Camurugipe, no Largo dos Dois Leões. A maior parte corre em galerias subterrâneas.
Este rio recebe essa denominação, porque, no passado existia um abatedouro de boi, no final de linha da Barroquinha e as vísceras dos animais eram jogadas nas águas no seu leito.

JORNAL A TARDE, 16 DE ABRIL DE 2001.

Baía de Todos os Santos.

A BAÍA DE TODOS OS SANTOS

A Baía de Todos os Santos é um mar de 972 Km2 entre o Oceano Atlântico e o continente. Sua grandeza deu nome ao Estado da Bahia, cuja história começa com o próprio descobrimento do Brasil, com a chegada dos portugueses a Porto Seguro em 1500. Mas a história da identidade baiana começa em 1º de janeiro de 1501, quando uma esquadra de reconhecimento chega a imensa baía no dia abençoado e dedicado a Todos os Santos: foz de 21 rios, 30 ilhas, duas grandes baías internas (Iguape e Aratu), muitas enseadas e todo esse conjunto harmonioso, adornado por uma exuberante vegetação tropical. Aí se firmou, em 1549, a cabeça administrativa e o braço armado da América portuguesa, com a fundação de Salvador, capital do Brasil por duzentos anos.
Costuma-se dizer que a Baía de Todos os Santos é o berço da cultura baiana, mas sua importância vai muito além. Foram suas águas que permitiram que se chegasse ao interior, através de inúmeras rotas nessa imensa hidrovia, fundamental para a circulação de riquezas, especialmente a cana-de-açúcar e gêneros alimentícios , para o abastecimento de Salvador. Inspirado nas embarcações portuguesas para pesca de sardinha, surge o saveiro e toda uma indústria náutica , para atender ás necessidades de transporte.
A Baía de Todos os Santos é palco privilegiado de lutas pela independência do Brasil. E também nessas circunstâncias os saveiros vão compor frotilhas leves para o combate. Igrejas de inspiração renascentista, majestosas, fortificações, engenhos, a arquitetura residencial, as ruínas do Imperial Instituto de Agricultura da Bahia das Lages, testemunham a importância histórica do Recôncavo, como é chamada a região no entorno de Salvador.
A partir de meados deste século, a Baía de Todos os Santos começa a sofrer violentos impactos, que abalam seu equilíbrio e alteram profundamente seu ecossistema.
A abertura de novas estradas e o desenvolvimento automobilístico desativam a articulação navegação/ferrovia. Instalam-se indústrias, ainda sem qualquer planejamento estratégico, e intensificam-se processos de urbanização em Salvador e em seus subúrbios ferroviários.
A pressão demográfica leva à expansão periférica, com o surgimento de favelas como Alagados, na enseada dos Tainheiros, estendendo-se mais tarde até a Enseada do Cabrito.
Nos anos 70,o processo de industrialização se intensifica, não só em Salvador, sobretudo na região metropolitana, agora envolvendo produtos químicos.
O crescimento populacional é acelerado, sem a correspondente instalação de equipamentos de infra-estrutura, principalmente esgotamento sanitário e limpeza urbana.A ocupação desordenada do solo, o esgoto, o lixo e os desmatamentos levaram ao desequilibroi ecológico, que afeta a saúde dos moradores da região, a fauna e a flora marítima e terrestre da Baía de Todos os Santos.