ASPECTOS
HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS DE ESCADA
ESCADA
A comunidade de Escada, está localizada a Oeste
da cidade do Salvador, as margens da Baía de Todos os Santos, assim como o bairro do Alto da Terezinha fazem
parte da Prefeitura Bairro II, Subúrbio/Ilhas, segundo delimitação da
lei n.º 9 278, de 20 de setembro de 2017, Prefeitura Municipal. Originaram-se a
partir do loteamento da Fazenda Grande de Itapuã, pertencente ao Coronel Durval
Hermelino Ribeiro (30/08/1840 a 02/10/1911), falecido aos 71 anos.
1.0 – TOPÔNIMO
O nome Escada, se deve a que, no século XVIII,
a Capela da Fazenda ganhou uma imagem de Nossa Senhora de Escada proveniente de
Portugal, até hoje cultuada por pescadores católicos de uma localidade as
margens do Rio Tejo.
2.0 –
IGREJA DE NOSSA SENHORA DE ESCADA
A Igreja de Nossa Senhora de Escada fica no alto de uma
colina em frente ao mar da baía de Todos os Santos. Há muito tempo que existe
essa capela, provavelmente desde o final do século XVI. Sabe-se que foi
construída junto a antiga aldeia indígena de Itacaranha, nas terras que pertenciam a
Lázaro de Arévelo que, reconstruiu a capela com pedras de calcário.
O padre José de Anchieta esteve na Igreja no ano de
1566, para recuperar a saúde. Esse fato pode ser comprovado através de um
documento que o padre Baltazar Fernando deixou no arquivo secreto do Vaticano
(Itália) no ano de 1619.
Os estrangeiros que chegavam aqui logo percebiam que a
brisa proveniente da Baía de Todos os Santos trazia o calor e umidade do mar.
Isso fazia bem a saúde e o bem estar.
A Capela de Nossa Senhora de Escada foi doada
para os franciscanos, no ano de 1572.
Em 1576, serviu como esconderijo do senhor de
engenho Sebastião da Ponte, protegido pelo Bispo Antônio Barreiros. Sebastião
da Ponte estava sendo procurado para ser preso por ordem do Rei de Portugal.
Ele havia ”ferrado”, ou marcado com ferro em brasa, um homem branco (como se
fazia na mesma época, com os africanos e índios brasileiros escravizados).
Houve um grande conflito, entre o Bispo Antônio Barreiros e o governador Luís
de Brito Almeida, por esse acontecimento.
No século XVIII, a Igreja de Escada ganhou a
imagem de Nossa Senhora, que ainda podemos ver detrás do altar. O altar que
hoje existe foi instalado no século XIX. Desde a implantação da estrada de
ferro, a paisagem foi prejudicada pelo corte dado à colina onde esta
situada. No século XX, em 1957, o governo fez uma análise da Igreja para transformá-la
em patrimônio nacional, um monumento para ser preservado e contemplado por todo
o país. Em 1962, a
Igreja estava quase em ruínas, nesta ocasião ela foi tombada, passou a ser
patrimônio histórico do Brasil. A reforma só foi concluída em 1966.
3.0 - INVASÃO HOLANDESA
NA BAHIA.
A história do Brasil também faz referência à
Igreja de Escada como próxima ao local de desembarque de Maurício de Nassau e
sua tropa, no dia 9 de abril de 1638. Eram os holandeses que tentavam em vão ocupar Salvador, com 3.400 europeus e
1.000 índios. Nos dias seguintes, Nassau apossou-se de alguns fortes, construiu
trincheiras e baluartes (fortalezas de apoio). A guerra durou seis semanas, mas
os defensores contaram com a ajuda da população, que mandava sem cessar,
embarcações carregadas de farinha de mandioca de Camacam para alimentar a
tropa. Veio também muito gado de Itapicuru e do Real. Os holandeses tiveram que
tocar em retirada de volta para Recife onde estavam instalados.
4.0 - CORONEL DURVAL
HERMELINO RIBEIRO
Durval Hermelino Ribeiro, nascido em 30/08/1840,
falecido em 02/10/1911, aos 71 anos, antigo proprietário da Fazenda que deu origem
a comunidade de Escada, integrava a Guarda Nacional Estado Maior da Bahia, recebeu
a patente de Coronel Comandante no século XIX, foi um influente Srº de terras,
sua Fazenda estendia-se de Escada, Oeste
da cidade do Salvador até o bairro de Itapuã, Leste da cidade.
4.1
-VEREADOR DA CIDADE DO SALVADOR
O
Coronel Durval Hermelino Ribeiro foi vereador da cidade de Salvador com 44
(quarenta e quatro) anos de idade, segundo o ALMANACH DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS
PARA a legislatura de 1884, QUARTO
ANNO, BAHIA: Câmara Municipal
VEREADOR:
4.2
– RELAÇÃO DE VEREADORES DA CÂMARA MUNICIPAL DO SALVADOR DO ANO DE 1884, ONDE
CONSTA O NOME DO ENTÃO TENENTE DURVAL
HERMELINO RIBEIRO.
ALMANACH DO DIÁRIO DE
NOTÍCIAS P A R A 1884
QUARTO ANNO
BAHIA
Câmara Municipal
Presidente—Dr. Augusto Ferreira
Fiança.
Vice presidente—Coronel
Manuel Jeronymo Ferreira.
Secretario—Bellarmino
Soares de Andrade.
Official-maior—Capitão
Manuel Rodrigues Valençà.
Vereadores—Tenente-coronel Pedro
Alves de Lima Gordilho.
Francisco Pereira da
Rocha.
Felippe Rodrigues
Monteiro.
Tenente-coronel Leobino
Cardoso Lisboa.
Tenente coronel Joaquim
Caetano de Almeida Couto Júnior.
Francisco de Freitas
Paranhos.
Capitão Leopoldino José
Teixeira Barbosa*
Commendador João
Rodrigues Germano.
Luiz de Oliveira
Vaaconcellos.
Tenente Durval Hermelino Ribeiro.
Dr. Manuel Teixeira
Soares.
Dr. Militão Barbosa
Lisboa.
Capitão João da Silva
Bahia.
Antônio José Machado
Júnior.
Capitão João Gonçalves Tourinho.
5.0 – DURVAL HERMELINO RIBEIRO SOBRINHO
Sobrinho do Coronel Durval Hermelino Ribeiro, nascido em 11 de janeiro de
1877, foi casado, de acordo com informações em seu jazigo na Igreja de Nossa
Senhora de Escada.
Integrou a Guarda Nacional. Por decreto de 23 de abril de 1906, do
Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi nomeado para a patente de Tenente-coronel-comandante do Estado-maior da Guarda Nacional,
Estado da Bahia, Comarca de Camisão, conforme Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906.
Não
obstante, Durval Sobrinho, 7 meses e três dias após ser nomeado Tenente-coronel
da Guarda Nacional, veio a falecer, com 29 anos de
idade, em 26 de novembro de 1906.
DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, ainda ocupou o cargo de subcomissário
de segurança pública, distrito de Pirajá, segundo reportagem do jornal A BAÍA,
28-12-1904, sobre violência, matéria abaixo:
Tema Violência.
Órgão de imprensa: A
BAÍA.
Data da semana: 28-12-1904.
Dia da semana:
Quarta-feira.
Manchete: Em Pirajá.
Texto:
“Maria de S. Pedro da Selva, de 21 anos, crioula, solteira, residente em Plataforma, pediu na véspera de Natal, licença ao seu companheiro para ir passear em Periperi, prometeu voltar na segunda-feira, aconteceu, porém, que não tendo voltado, o seu companheiro e mais quatro amigos deste, armados de facas, navalhas etc., foram à Periperi e invadiram, às 10 ½ horas da noite de ontem, a casa de Almerindo Eugênio da Cunha, com o fim de retirar, a força, a rapariga, que ali tinha ficado, não levando a efeito tal intento devido a patrulha ir passando na ocasião, e ter acudido, prendendo-os em flagrante, e remetendo-os, hoje, para a casa de Correção, à ordem do sub-comissário respectivo, Sr. capitão DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, conforme o livro: O Negro na Imprensa Baiana do Século XX.”
“Maria de S. Pedro da Selva, de 21 anos, crioula, solteira, residente em Plataforma, pediu na véspera de Natal, licença ao seu companheiro para ir passear em Periperi, prometeu voltar na segunda-feira, aconteceu, porém, que não tendo voltado, o seu companheiro e mais quatro amigos deste, armados de facas, navalhas etc., foram à Periperi e invadiram, às 10 ½ horas da noite de ontem, a casa de Almerindo Eugênio da Cunha, com o fim de retirar, a força, a rapariga, que ali tinha ficado, não levando a efeito tal intento devido a patrulha ir passando na ocasião, e ter acudido, prendendo-os em flagrante, e remetendo-os, hoje, para a casa de Correção, à ordem do sub-comissário respectivo, Sr. capitão DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO, conforme o livro: O Negro na Imprensa Baiana do Século XX.”
6.0 - MANOEL PINHEIRO DOS REIS
Genro do Coronel, casou com Delmira Ribeiro dos
Reis, filha mais velha de Durval Hermelino Ribeiro,
nomeado para a patente de CAPITÃO do 1º ESQUADRÃO DO ESTADO MAIOR DA GUARDA
NACIONAL, Estado da Bahia, Comarca de Camisão, conforme Pg. 13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906.
7.0
– PUBLICAÇÃO DO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO COM AS NOMEAÇÕES DE DURVAL HERMELENO RIBEIRO SOBRINHO PARA A PATENTE DE TENENTE-CORONEL-COMANDANTE
DA GUARDA NACIONAL E DE MANOEL PINHEIRO DOS REIS, PARA CAPITÃO - 1º ESQUADRÃO
DA GUARDA NACIONAL.
Pg.
13. Seção 1. Diário Oficial da União (DOU) de 17/05/1906
[...] Maio -IDES DIARIO OFFiE/ALCO Quinta-raira
17
Ministério da Justiça e Negócios
Interiores
Por decreto de 23 de
abril ultimo, foram nomeados para a guarda
nacional :
ESTADO DA BAHIA
Comarca de Brotas
35° batalhão da reserva
3° companhia -Capitão, Esta,nisláo Marques
Gomes.
Comarca de
_11"ázareth
72° batalhão da reserva
Éstado-maior -Tenente-coronel commandante, o
tenente-coronel Henrique Felix dos Santos.
Comarca de Curralinho
·26° regimento de cavallaria
1° esquadrão -Capitão, Elpidio da Costa Noiva.
3° regimento de artilharia de campanha
Estado-maior -Tenente-coronel com mandante, o
capitão Nicoláo de Coni.
Comarca de Camisao
0
75 regimento de
cavallaria
Estado-maior -Major-fiscal, Augusto Bahiana, ;
Capitão-ajudante,
Condido Fernandes do Oliveira ;
Tenente-quartel-mostre, João da Silva Fraga.
1° esquadrão -Capitão, Manoel Pinheiro dos Reis ;
Alferes, Amaro Joaquim Alves.
..1.
20 esquadrão -Alferes, João do Deus Ferreira.
3° esquadrão -Alferes, Chrispim das Chagas
Lisboa.
760 regimento do cavalaria
Estado-maior -Tenente-coronel commandante, o
capitão Durval Hermelino Ribeiro Sobrinho
Major-fiscal, João José
de San-VA:ano ;
Capitão-ajudante, Reynaldo Salustiano da Silva.
Tenente-secretario, José Caetano da Costa Lima
;
Capitão-cirurgião, Dr. Joaquim José Ribeiro de
Oliveira ;
Alferes-veterinario, Genainiano Eleuterio
Pinto.
1° esquadrão-Tenentes, José Mauricio Ribeiro
Lima e Isaias Emilio do Bomfim ;
Alferes, Odilon Sydronio Pinto.
2° esquadrão-Capitão, Hyppolito Sydronio Pinto
;
Tenentes, Eduardo Clarimundo dos Santos e Julio
Augusto de Souza;
Alferet, Affonso Prudencio Marques.
3° esquadrão -Capitão, Carlos Francisco Actes ;
Tenentes, João Actos Carlos e Basilio Caetano
de Oli-ir eira;
.
Alferes, Sizinio Ferreira dos Santos.
4° esquadrão-Tenentes, Pedro Corrêa de Almeida
o Angelo Machado Caldas.
Alferes, Julio Jesuino da Gloria e Antonio
Telles de Oliveira.
8.0 -
FILHOS DO CORONEL DURVAL HERMELINO RIBEIRO:
a) Delmira Ribeiro
dos Reis
b) Rosalina Ribeiro Genipapeiro
– (Mãe: Maria da Paz Ribeiro)
c) Durval Hermelino
Ribeiro Filho – (Mãe: Jardelina do Espírito Santo Reis)
d) Oscar Ribeiro (Foi
Oficial do Exército Brasileiro, morou no Rio de Janeiro)
e) Gastão Ribeiro
f) Menininha (morou
no Rio de Janeiro).
Organizador: Prof. Carlos Alberto Novaes Ribeiro.
( Pesquisa em andamento
...
REFERÊNCIAS:
4 – Documento referente ao tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a
Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, Processo Administrativo
nº 13/85/SPHAN, Livro Hietórico, Inscrição: 340, Processo sob o nº. 0560-T, de
11/4/1962.
6 – O Caminho das Águas
em Salvador:
Bacias Hidrográficas,
Bairros e Fontes/Elisabete Santos, José Antônio Gomes de Pinho, Luiz Roberto
Santos Moraes, Tânia Fischer, organizadores – Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010.
486p. il; - (Coleção
Gestão Social).
...